Trilogia Grande Sertão: Veredas – 01 a 03/11

Um recorte da obra de João Guimarães Rosa, traduzida para o teatro.
Indicado ao Prêmio Shell Rio 2023, em duas categorias: Melhor Dramaturgia e Melhor Ator em Porto Alegre.

O ator Gilson de Barros retorna ao Teatro João Ceschiatti, no Palácio das Artes, para encenar as três peças de sua “Trilogia Grande Sertão: Veredas”.

Nos dias 1, 2 e 3 de novembro, ele apresenta “Riobaldo” (indicado ao Prêmio Shell de 2023 nas categorias Melhor Dramaturgia e Melhor Ator); de 8 a 10 de novembro, é a vez de “No Meio do Redemunho”; e de 15 a 17 de novembro, estreia “O Julgamento de Zé Bebelo”. As apresentações acontecem sextas e sábados às 20h, e domingos às 19h, sob a direção do premiado Amir Haddad.

Baseada na obra-prima de João Guimarães Rosa, publicada em 1956, uma trilogia que explora a riqueza e profundidade do sertão mineiro, refletindo sobre a alma humana e suas ambiguidades. O romance, que revolucionou a literatura brasileira, já foi adaptado para o cinema e a TV, e traz uma linguagem que atribui ao sertão uma dimensão universal e metafísica.

A trilogia começou a ganhar vida com “Riobaldo” em março de 2020, no Espaço Cultural Sérgio Porto. Após uma breve temporada interrompida pela pandemia, o projeto manteve-se vivo por meio de vidas entre ator e diretor, e foi um dos pioneiros em apresentações virtuais. Em 2021, o espetáculo voltou aos palcos com temporadas no Rio de Janeiro, em locais como a Casa de Cultura Laura Alvim e o Teatro Gláucio Gil.

Em 2022, a trilogia percorreu o Brasil, começando por São Paulo e passando por Belo Horizonte e cidades do Circuito Guimarães Rosa. Em 2023, Gilson de Barros voltou a Belo Horizonte e se apresentou em outras capitais, como Porto Alegre e Florianópolis, sempre com uma recepção calorosa do público.

A segunda parte, “No Meio do Redemunho”, estreou no Rio de Janeiro em abril de 2023 e fez turnê por São Paulo e interior. A terceira peça, “O Julgamento de Zé Bebelo”, estreou em outubro de 2024, em São Paulo, e agora será apresentada pela primeira vez em Belo Horizonte.

Em junho de 2024, a trilogia expandiu seus horizontes para Portugal e Colômbia, levando uma grandiosidade do sertão mineiro ao público internacional. Agora, Gilson de Barros retorna a Minas Gerais para encantar o público com essa viagem intensa e universal pela obra de Guimarães Rosa.

A terceira peça, O Julgamento de Zé Bebelo , estreou em outubro de 2024, em São Paulo, e agora chega a Belo Horizonte, completando a apresentação da Trilogia.

Guimarães Rosa pelo olhar de Amir Haddad e Gilson de Barros

Amir Haddad – @amirhaddadreal

Li as duas primeiras páginas do ‘Grande Sertão’ várias vezes até perceber que aquela ‘língua’ tinha tudo a ver comigo. O resto da narrativa devorei em segundos, segundo minhas sensações. Aprendi a ler, aprendi a língua, lendo este romance portentoso no original. Entendi! Não era uma tradução, era um livro brasileiro, escrito na ‘língua’ brasileira.

Até hoje me orgulho de ser conterrâneo e contemporâneo de Guimarães Rosa. E tenho certeza de que qualquer leitor estrangeiro que ler o livro traduzido jamais lerá o que eu li. Assim como jamais saberei o que lê um inglês quando lê Shakespeare. Os realmente grandes são intraduzíveis.

Gilson de Barros – @gilsondebarrosator

Há alguns anos venho estudando a obra de Guimarães Rosa, com ênfase no livro Grande Sertão: Veredas. Interpretar Riobaldo tem sido meu trabalho e minha dedicação. A cada releitura do livro, cada temporada da peça, a cada curso que participo, vou aumentando a compreensão da obra.

O objetivo é traduzir a prosa Roseana para a linguagem do teatro. Pretensioso, eu sei. Mas, não imagino outra forma de enfrentar essa obra-prima, repleta de brasilidade. Por fim, registro a honra de estar no palco com o suporte de João Guimarães Rosa, Amir Haddad, Aurélio de Simoni e todos os colegas envolvidos nessa montagem. Evoé!

Trecho da crítica de Furio Lonza

“…Riobaldo é teatro na veia, um Guimarães pocket, algo de novo na dramaturgia nacional; sem adereços, sem cenografia e sem figurinos, mas com uma luz abrasiva pilotada pelo experiente Aurélio de Simoni. Em cena, Gilson de Barros administra o tempo e o espaço como se fosse um demiurgo regendo o sol do sertão, uma espécie de deus onisciente que acompanha com ternura passo a passo as andanças de suas criaturas lá embaixo, nas veredas de um mundo lancinante e despreparado para conceber uma lógica formal do cotidiano…”

SINOPSE

Riobaldo

Personagem central do romance Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa, o ex-jagunço Riobaldo relembra seus três grandes amores: Diadorim, Nhorinhá e Otacília. O incompreendido amor por Diadorim, o amigo que lhe apresentou a vida de jagunço e lhe abriu as portas do conhecimento da natureza e do humano, levando-o ao pacto fáustico; o amor carnal e sem julgamentos pela prostituta Nhorinhá; e o amor purificador por Otacília, a esposa, que o resgatou do pacto fáustico e o converteu em ‘homem de bem’.

No meio do Redemunho

Riobaldo, um ex-jagunço, hoje um velho fazendeiro, conversa com um interlocutor (o público). Nesse encontro, cheio de filosofia, ele conta passagens de sua vida e reflete sobre a dialética: bem e mal, Deus/diabo. Na juventude, por amor a Diadorim, e para conseguir coragem e força, fez o que julga ser um pacto fáustico. Durante a narrativa, o personagem se vale de várias histórias populares, para questionar: “o diabo existe?”.

O Julgamento de Zé Bebelo

“O Julgamento de Zé Bebelo” retrata um dos momentos mais emblemáticos de “Grande Sertão: Veredas”, onde um chefe jagunço, ao ser derrotado, exige um julgamento justo, desafiando as tradições violentas do sertão.

Mini Bio

Amir Haddad (diretor) – Diretor e ator brasileiro, é co-fundador do Teatro Oficina, posteriormente rebatizado como Uzyna Uzona, onde dirigiu produções notáveis e recebeu reconhecimento pela sua habilidade na direção. Fundou grupos teatrais influentes como A Comunidade e o grupo Tá na Rua, e ao longo de sua carreira participou de diversos projetos, incluindo encenações de Shakespeare e colaborações em shows. Atualmente, Haddad continua ativo, liderando o Grupo Tá Na Rua e dirigindo ou supervisionando peças com renomados artistas.

Gilson de Barros (ator e dramaturgo) – Indicado ao Prêmio Shell 2023 nas categorias de Melhor Dramaturgia e Melhor Ator, este notável operário do teatro destaca-se por sua versatilidade como ator, gestor e dramaturgo. Com formação em Artes Cênicas pela UNIRIO, sua sólida trajetória inclui colaborações com renomados diretores como Augusto Boal, Luiz Mendonça, Mário de Oliveira e Domingos Oliveira, além de uma significativa parceria artística com Amir Haddad na Trilogia Grande Sertão: Veredas. Com mais de 25 peças em seu currículo, atuou em produções diversas, como “Bolo de Carne” de Pedro Emanuel, dirigido por Yuri Cruschevsk; “Murro em Ponta de Faca” com texto e direção de Augusto Boal; e “A Tempestade” de Shakespeare dirigido por Paulo Reis, entre outras. Seu talento foi reconhecido com prêmios destacados, incluindo Melhor Ator no Festival Inter-regional de Teatro do Rio em 1982 e o prêmio de Melhor Ator no Festival de Teatro SATED/RJ em 1980.

Palácio das Artes – Teatro João Ceschiatti
Av. Afonso Pena, 1537 – Centro
Ingressos: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia).
Informações: (31) 3236-7400
Duração: 70 minutos
Classificação etária: 16 anos
Capacidade: 143 lugares
Link de venda
https://www.eventim.com.br/artist/trilogia-grande-sertao-veredas/

Riobaldo – 01 a 03 de novembro
Diabo na rua, no meio do Redemunho – 08 a 10 de novembro
O Julgamento de Zé Bebelo – 15 a 17 de novembro
sextas e sábados às 20h, e domingos às 19h