Centenário de Inimá de Paula

Cem anos de arte, cores e mineiridade

É tempo de comemorar o centenário, as cores, o legado e a vida de Inimá de Paula

Um dia especial para o universo da arte e da cultura, sobretudo mineira. É assim que podemos definir o 7 de dezembro de 2018. E não é pra menos: hoje completam 100 anos desde o nascimento do autêntico e vibrante Inimá de Paula. Mineiro de Itanhomi, pequena cidade do Vale do Aço, Inimá era autodidata e marcou a sua trajetória com obras que se destacavam pelas cores fortes em harmonia com uma incomparável sensibilidade. Conhecido como “fauve brasileiro”, o artista foi capaz de explorar ao máximo todas as possibilidades de tons em suas composições, tendo inclusive o seu trabalho algumas vezes comparado ao de Matisse, criador do próprio fauvismo no início do século passado na França.

Inimá começou ainda jovem, realizando retoques de fotografias. Já vocacionado a seguir nas artes, se mudou com 20 anos para Juiz de Fora, onde começou a desenhar em aulas do Núcleo Antônio Parreiras. Não demorou muito para desbravar o Rio de Janeiro, cidade onde exerceu serviços simples para sobreviver e concluir o curso de desenho no Liceu de Artes e Ofícios. Lutou, persistiu, acreditou, estudou muito. E depois de voltas da vida, foi em Fortaleza que o mineiro começou a desabrochar. Por lá, fez amizades importantes e fundou o Grupo Cearense. Com os colegas Antônio Bandeira, Ademir Martins e Jean-Pierre Chalboz, expôs pela primeira vez em grupo na cidade que morara anteriormente, o Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, foi a vez de realizar a estreia individual, também na capital fluminense e tendo como padrinho o grande Cândido Portinari.

O pintor se estabeleceu, saiu do Brasil, retornou, e se transformou em uma referência no meio. As paisagens, muitas delas mineiras, eram marca registrada nas obras de Inimá. No entanto, sua produção foi versátil como ele. Transitou com talento pelos retratos, naturezas mortas e até trabalhos abstratos. Curioso e inquieto, ele criou uma linguagem única e certamente inconfundível. “Inimá é um orgulho mineiro e brasileiro. As suas pinturas, sobretudo de paisagens, combinavam com perfeição arquitetura e natureza, mostrando cenários e realidades charmosos e duros de sua época. Cada obra dele nos possibilita embarcar em uma viagem fascinante de cores e sensações”, afirma Júlio Martins, historiador de arte e pesquisador da vida do artista.

História e acervo preservados

Cem anos de história viva e presente. Inimá de Paula foi, sem dúvidas, um dos principais paisagistas modernos brasileiros. Dentre tantos prêmios diferentes, recebeu, por exemplo, a Palma de Ouro de Melhor Pintor Mineiro, em 1970. Um talento assim merecia, em sua terra, um lugar especial onde muitas de suas obras pudessem ficar permanentemente expostas. Mais do que isso. Merecia um lugar onde a arte pudesse ser celebrada, dando oportunidades para novos artistas e estabelecendo uma conexão sincera com o público de todos os tipos.

Foi justamente por isso que em 2008, nove anos após a morte do artista, foi inaugurado o Museu Inimá de Paula. Localizado em um prédio histórico no centro da capital mineira, ele funciona como um verdadeiro complexo cultural. A entrada é gratuita e é possível conferir as obras de Inimá além de mostras, exposições e até espetáculos, já que ele conta com um teatro-cinema para 130 pessoas. Cultura no seu estado mais puro e que será preservada por gerações e gerações. Isso tudo é Inimá de Paula. Por isso, nesse dia 7 de dezembro, todos nós mineiros e brasileiros temos muito a comemorar. Comemorar o artista, as cores, o legado, a vida.

SOBRE O MUSEU INIMÁ DE PAULA

– Inaugurado em 2008, na Rua da Bahia, nº 1201, onde já funcionou o Clube Belo Horizonte e o Cine Guarani;

– É gerido pela Fundação Inimá de Paula, fundada em 1998 com a missão de preservar, divulgar e resguardar a obra do artista. Tem cerca de duas mil obras registradas de Inimá; de todo o acervo, são expostas cerca de 80 obras do artista por vez. Elas estão em constante rodízio e acompanhadas da remontagem de seu Atelier, Sala de Autorretratos e Galeria Virtual

– Só no salão central do Museu, existe uma exposição permanente do mestre mineiro das cores; com mais de 100 obras;

– A galeria virtual do museu mostra todas as 1860 obras de Inimá de Paula, catalogadas ao longo de 10 anos ;

– Possui um exclusivo espaço cultural multiuso, capaz de abrigar várias exposições paralelas por ano e conta com um teatro cinema com capacidade para 130 pessoas.

 

Centenário Inimá de Paula

Endereço do museu: Rua da Bahia, 1201, Centro, Belo Horizonte.

Entrada gratuita.