Cine Humberto Mauro terá quinta edição da mostra “Clássicas” – 11/03 a 03/04

Ao longo de décadas, o Cine Humberto Mauro valoriza as mulheres do e no cinema. A mostra “Clássicas: Mulheres na Direção”, que ocorre sempre em março, mês do Dia Internacional da Mulher, 8, já se tornou uma tradição da programação do cinema – e, neste ano, chega à quinta edição. Desta vez, com título inspirado na obra “Insubmissas lágrimas de mulheres”, da escritora mineira Conceição Evaristo, “Clássicas: Insubmissas Mulheres de Cinema” acontece de 11 de março a 3 de abril de 2025. As sessões vão destacar a perspectiva das mulheres no cinema através do trabalho de 30 renomadas diretoras como as belgas Agnés Varda e Chantal Akerman, além da carioca Helena Solberg. São 34 obras, de 14 países, que celebram a diversidade feminina, desde longas-metragens contemporâneos aclamados, como “Garota Infernal” (2009), de Karyn Kusama, até clássicos da sétima arte, caso de “Senhoritas de Uniforme” (1931), da pioneira Leontine Sagan. Além disso, o público poderá acompanhar sessões comentadas dos filmes “Miss Mary”, “India Song” (dentro da sessão Cinema e Psicanálise) e “Privilégio”, nos dias 13, 14 e 19, respectivamente. Em 21 de março, a sessão da meia-noite irá exibir “Häxan – A Feitiçaria Através dos Tempos” (1922). O Cine Humberto Mauro, no Palácio das Artes, tem entrada gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema.

A mostra tem uma curadora convidada: Carla Italiano, doutora em Comunicação Social, pesquisadora da sétima arte e programadora de mostras e festivais de cinema. “Clássicas: Insubmissas Mulheres de Cinema” exibe filmes protagonizados e realizados por mulheres que questionaram as convenções de suas épocas, construindo novas maneiras de habitar o cinema e o mundo. Ao articular uma seleção eclética, que abrange desde produções norte-americanas da década de 20 até obras contemporâneas do cinema de países como Camarões e Nigéria, a curadoria busca evidenciar a complexidade da experiência de diferentes protagonistas, seja pela reinvenção de formas fílmicas consolidadas ou pela desobediência aos papéis de gênero e às regras sociais. A programação também será exibida na cidade de Congonhas, posteriormente.

A mostra “Clássicas: Insubmissas Mulheres de Cinema” é realizada pelo Ministério da Cultura, Governo de Minas Gerais, Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais e Fundação Clóvis Salgado. A ação é viabilizada através do Termo de Fomento 001/2024 entre a Fundação Clóvis Salgado e a Fundação Municipal de Cultura Lazer e Turismo de Congonhas e por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Governo Federal, Brasil: União e Reconstrução. As atividades da Fundação Clóvis Salgado têm a Cemig como mantenedora, Patrocínio Master do Instituto Cultural Vale e Grupo Fredizak, Patrocínio Prime do Instituto Unimed-BH e da ArcelorMittal, Patrocínio da Vivo e correalização daAPPA – Cultura & Patrimônio. O Palácio das Artes integra o Circuito Liberdade, que reúne 35 equipamentos com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo.

Múltiplas perspectivas femininas – Um dos grandes destaques da programação é a cineasta belga Chantal Akerman, falecida há dez anos e hoje amplamente reconhecida como uma das figuras mais influentes da história do cinema. Seu filme “Jeanne Dielman”, que integra a mostra junto a mais quatro de seus trabalhos, foi eleito o melhor filme de todos os tempos em uma votação da revista “Sight and Sound”, em 2022, e Akerman foi a primeira mulher a alcançar esse feito. Durante o processo de curadoria, a obra da diretora serviu de inspiração para o desenvolvimento da programação como um todo. A partir de seus trabalhos, surgem temas e abordagens que permeiam os outros filmes exibidos, como reflexões sobre o universo doméstico, a maternidade, a sexualidade, além de investigações sobre espaço e subjetividade, explorando as possibilidades da linguagem cinematográfica.

A mostra é dividida em quatro grupos temáticos. O primeiro, “Vidas luminosas”, reúne documentários biográficos que narram a trajetória de artistas inspiradoras. “Laços inquietos” agrupa filmes que exploram o pertencimento e a ambiguidade das relações sociais, que podem tanto unir quanto dividir. Em “Dos excessos da carne”, são apresentados personagens movidos por desejos intensos, em narrativas que subvertem as convenções dos gêneros cinematográficos tradicionais. Por fim, as obras que compõem as “Canções de rebeldia” revelam diferentes estratégias de mulheres que buscam romper com os tabus e amarras que limitam suas existências.

Segundo a curadora, Carla Italiano, o processo de seleção desta edição da Mostra Clássicas foi desafiador, devido à autonomia para a seleção. “Houve uma liberdade muito muito grande de quais narrativas poderiam ser contadas. Essa mostra propõe uma maneira diferente de entender a história do cinema a partir da perspectiva das mulheres, que estavam tanto atrás das câmeras quanto à frente delas. O primeiro desafio foi entender qual seria o recorte. O outro foi selecionar o que ficaria de fora, pois são muitas possibilidades. O caminho escolhido foi trazer filmes de diretoras importantes para o desenvolvimento da linguagem cinematográfica, mas que não foram reconhecidas em sua época. São nomes não tão conhecidos pelo grande público, trazendo trabalhos que possibilitam encontros com filmes que, a princípio, o público em geral não assistiria no streaming ou na televisão”, conta a curadora.

Mostra “Clássicas: Insubmissas Mulheres de Cinema”

Período: 11 de março (terça-feira) a 3 de abril (quinta-feira)

Horários: Variáveis

Local: Cine Humberto Mauro – Palácio das Artes

(Av. Afonso Pena, 1537, Centro, Belo Horizonte)

Classificações indicativas: Variáveis

Entrada gratuita, com retirada de ingressos a partir de meia hora antes de cada sessão, na bilheteria do cinema