Com cinco faixas, disco produzido com Lenis Rino explora sonoridade eletrônica em diálogo com a percussão orgânica e vocais com métricas poéticas; show de lançamento do álbum acontece no dia 8/9, no Teatro do Sesiminas
“Eu ouvi, ouvi de novo e pensei: – Uau! Criou uma brecha, uma espécie de corte na minha cabeça e entrou no meu corpo todo. Eu, que sempre ando atrás de algum som que me atravesse e me tire do sério, fiquei maravilhado com a poética e as batidas geniais. Um discaço. A Raquel é a mineira mais inglesa que conheço”, afirma Marcos Suzano. As palavras do percussionista carioca dizem respeito a “Koan”, novo álbum de Raquel Coutinho. Com cinco faixas, o disco une a raiz ancestral da percussão orgânica à modernidade dos beats e synths, costuradas por um vocal limpo e maduro. Parceria da artista com o produtor musical Lenis Rino, o álbum tem show de lançamento marcado para o dia 8 de setembro, às 20h, no Teatro do Centro Cultural Sesiminas, em Belo Horizonte. As faixas chegam às plataformas no dia 27 de agosto e os links para pré-save do álbum e compra de ingressos online para o show já estão disponíveis.
Em músicas densas e rápidas, que transitam por uma atmosfera ancestral, eletrificada pelos beats de Lenis Rino, Raquel Coutinho mineira canta métricas poéticas sobre a mulher e outros temas. “Buscando lugar no mundo, ando por esses dois universos: eu preciso da terra, do chão, da natureza, mas também estou na cidade e gosto muito do diálogo com a tecnologia”, afirma a cantora, compositora e percussionista, lembrando que “Koan” resultou de uma imersão com Lenis em sua fazenda, no interior de Minas Gerais. Por dez dias, a dupla compôs, criou e descobriu sons a partir de tambores, experiências digitais, percussão corporal e timbres cotidianos, naturalmente percussivos, encontrados em copos de vidro ou em varetas de bambu.
Para ouvir “Koan”, clique aqui (link para imprensa, favor não divulgar)
“A linguagem de percussionista é muito legal, porque tudo é instrumento. Então, utilizamos desde o que precisávamos, como um copo de vidro ou varetas de bambu, até muitos tipos de tambores.”, explica Raquel, que é uma das grandes referências do tambor mineiro. “Usei meu tambor de congado, tambor de folia, alfaia, tambor xamânico e tambores eletrônicos. Também gravamos violão, linhas de baixo e synth, além de explorarmos texturas e recursos de voz”, completa. Além de gravar percussões e vozes, a artista executou a direção musical e colaborou com a produção das faixas.
As letras do disco se conectam por um inspirado relicário poético, repletas de referências sensíveis, entoadas muitas vezes a partir de técnicas de spoken words — experimentação livre com as vocalizações, inclinadas a recitar canções, ao invés de apenas cantá-las seguindo a melodia. As composições versam sobre as muitas personalidades das mulheres presentes na mesma artista que canta, compõe, batuca com tambores e com o próprio corpo, descobre novas linguagens e caminhos. Uma mulher que é diva e deusa, mas também é cavala e bruxa, tudo ao mesmo tempo, longe dos padrões de beleza homogêneos e restritos, pregados pela sociedade patriarcal, como explica Raquel.
“Esse disco nasce de um desejo meu, que surgiu quando comecei a fazer uma relação crítica sobre a necessidade de nós, mulheres, termos que ser sexys, descoladas e legais o tempo todo. É como se tivéssemos a todo momento que responder a esse mundo, um mundo machista, sob a cultura do patriarcado, onde a gente sempre tem que estar disponível, feliz e linda. Eu me conecto muito no lugar da potência da mulher e de como a gente consegue ser tantas mulheres, ocupar tantos lugares e continuar ávida de vida”, reflete Raquel.
Mas outros assuntos também são abordados no trabalho. “Entorno”, por exemplo, se assemelha a uma canção popular da terra, marcada por “molhos” percussivos e linhas de graves são desenhadas por um harmônio ( instrumento do século 19) que criam uma ambientação densa para o mantra repetido pela cantora: “As curvas do corpo sobre o vidro e sobre a água / o peso dos lençóis sobre a retina e sobre a cama”, diz a letra da poeta e cantora Clara Delgado. Para a cantora, compositora, poeta e pesquisadora Déa Trancoso, que escreveu uma resenha sobre “Koan”, trata-se de um disco de “narrativas cósmico-políticas que parecem brotar de um desejo do fogo central da terra em criar uma brecha-devir para reativar nos corpos algo que se perdeu ali pelo século 3: a potência, a intuição, o eu legião”.
Show. Dia 8 de setembro, às 20h, no Grande Teatro do Centro Cultural Sesiminas (R. Padre Marinho, 60 – Santa Efigênia – Belo Horizonte)
Ingressos online disponíveis pela Sympla aqui
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